Glúten: Ele Realmente Engorda?

A relação entre o glúten e o ganho de peso é um tema que desperta dúvidas entre aqueles que buscam uma alimentação mais saudável. Segundo a nutróloga Sandra Lúcia Fernandes, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), eliminar o glúten da dieta tornou-se um hábito comum, muitas vezes associado à perda de peso. No entanto, a especialista alerta que esse raciocínio não é totalmente correto. A seguir, exploramos o que o glúten realmente representa na alimentação e por que ele não é necessariamente o vilão da balança.

O Que é o Glúten e Por Que Ele é Polêmico?

O glúten é uma proteína encontrada no trigo, centeio e cevada, e é responsável por conferir maciez e elasticidade a pães e massas. Embora essencial no preparo de muitos alimentos, ele ganhou má reputação devido à associação com ganho de peso e a condições como a doença celíaca, na qual o glúten desencadeia reações imunológicas graves.

No entanto, para a maioria das pessoas, o consumo de glúten não representa riscos diretos à saúde, e sua retirada pode, inclusive, ser desnecessária. “O equívoco é que as pessoas associam retirar o glúten da dieta com reduzir calorias, e isso não é totalmente verdade”, explica Fernandes.

Glúten x Calorias: O Verdadeiro Impacto na Dieta

Muitas vezes, ao eliminar o glúten, as pessoas substituem produtos derivados de trigo por alimentos sem glúten, como tapioca, mandioca, milho ou produtos industrializados rotulados como “gluten-free”. O problema? Esses substitutos podem ser até mais calóricos que os alimentos tradicionais.

Por exemplo, uma fatia de pão comum pode conter menos calorias que uma porção equivalente de tapioca ou um biscoito sem glúten, que frequentemente são enriquecidos com gorduras e açúcares para compensar a textura perdida. Dessa forma, retirar o glúten sem considerar o contexto calórico total pode levar a resultados opostos aos desejados.

Quando Retirar o Glúten é Necessário?

Embora para a maioria das pessoas o glúten seja seguro, existem situações específicas que justificam sua exclusão:

• Doença celíaca: Uma condição autoimune em que o consumo de glúten pode danificar o intestino.
• Sensibilidade ao glúten não celíaca: Causa desconfortos como inchaço e dores abdominais.
• Alergia ao trigo: Pode desencadear reações alérgicas graves.

Fora esses casos, não há evidências sólidas de que o glúten deva ser evitado por questões de saúde ou peso.

 Alimentação Balanceada é a Chave

Para quem não apresenta contraindicações, o glúten pode ser consumido sem receio, desde que inserido em uma alimentação equilibrada. Substituir alimentos de forma impulsiva, sem considerar o impacto nutricional, pode ser mais prejudicial do que manter o glúten na dieta. Assim, o ideal é buscar orientação profissional para adequar a alimentação às necessidades individuais.