Governo inclui cantor Leonardo na ‘lista suja’ do trabalho escravo

O nome do cantor sertanejo Leonardo, cujo nome de registro é Emival Eterno da Costa, foi incluído na chamada “lista suja” do trabalho escravo, divulgada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A inclusão aconteceu após uma fiscalização, realizada em novembro de 2023, encontrar seis trabalhadores em condições degradantes em uma propriedade rural de sua posse no município de Jussara, Goiás. Embora Leonardo tenha negado envolvimento direto, alegando que a fazenda estava arrendada, a gravidade da situação levantou questionamentos sobre a responsabilidade de grandes proprietários nas condições de trabalho de suas terras.

Condições de Trabalho Encontradas na Fazenda Talismã

A inspeção realizada pela fiscalização na Fazenda Talismã, de propriedade de Leonardo, revelou um cenário de extrema precariedade. Os seis trabalhadores, incluindo um adolescente de 16 anos, estavam vivendo em uma casa abandonada sem acesso a água potável, instalações sanitárias ou camas adequadas. Segundo os relatos, os trabalhadores dormiam em tábuas de madeira e conviviam com infestações de ratos, morcegos, formigas e cupins, além de um cheiro insuportável no local. As condições relatadas configuram o que o Ministério do Trabalho classifica como trabalho em condições análogas à escravidão.

Além dos seis trabalhadores resgatados, outros 12 funcionários estavam em situação irregular, sem registro formal de emprego e trabalhando em jornadas exaustivas, incluindo domingos, sem intervalos de descanso. As atividades envolviam tarefas árduas como a remoção de pedras e raízes sem equipamentos de proteção adequados.

Defesa de Leonardo

Em sua defesa, Leonardo alegou que a área onde as irregularidades foram constatadas estava arrendada e que não tinha qualquer envolvimento direto com a gestão dos trabalhadores. Segundo o cantor, a fazenda foi cedida para arrendamento em 2022, e os trabalhadores foram contratados pelo arrendatário. Ele também afirmou que já pagou uma multa relacionada à fiscalização e que a situação estava resolvida. Contudo, Leonardo reafirmou que não conhecia os trabalhadores envolvidos e que jamais compactuaria com condições de trabalho degradantes.

Conclusão

A inclusão de Leonardo na lista divulgada pelo MTE reforça o debate sobre a responsabilidade de grandes proprietários nas condições de trabalho em suas propriedades, mesmo em situações de arrendamento. O cantor nega envolvimento, mas o caso ilustra a importância de uma fiscalização rigorosa e o cumprimento de normas trabalhistas, especialmente no campo, onde a vulnerabilidade dos trabalhadores é frequentemente explorada.