Cultura

Pesquisa revela que o idioma que falar pode moldar a forma como nosso cérebro se conecta, afetando nossa maneira de pensar

Um estudo realizado por cientistas do Instituto Max Planck de Ciências Humanas Cognitivas e do Cérebro, na Alemanha, trouxe novas evidências sobre como o idioma que pode influenciar a conectividade do nosso cérebro e, por consequência, da maneira como pensamos. Através da análise de tomografias de ressonância magnética de falantes nativos de alemão e árabe, os investigadores encontraram diferenças na fiação das regiões pertencentes à linguagem, indicando que a língua materna pode moldar o conectoma cerebral.

Descobrindo as Diferenças Cerebrais entre Falantes de Alemão e Árabe

Xuehu Wei, aluna de doutorado do Instituto Max Planck, liderou o estudo comparativo entre 94 falantes nativos de alemão e árabe, todos com idades entre 18 e 34 anos. As tomografias de alta resolução permitiram não apenas examinar a anatomia cerebral, mas também derivar a conectividade entre as diferentes áreas aéreas usando uma técnica chamada imagem ponderada por transmissão.

Como a língua materna configura cada cérebro | ASMETRO-SI

Conexões da Substância Branca e a Rede de Linguagem

Os resultados apreciaram que as conexões de axônios da substância branca que compõem a rede de linguagem se adaptam às demandas específicas e às dificuldades de processamento da língua materna. Os falantes nativos de árabe demonstraram uma conectividade mais forte entre os hemisférios esquerdo e direito em comparação com os falantes nativos de alemão. Essa maior conectividade também foi observada entre as regiões semânticas da linguagem, possivelmente relacionadas ao processamento fonológico e semântico relativamente complexo do idioma árabe.

SciELO - Brasil - Análise comparativa de cortes de encéfalos humanos com coloração por três técnicas diferentes Análise comparativa de cortes de encéfalos humanos com coloração por três técnicas diferentes

Influência do Processamento Sintático na Rede de Idiomas

Por outro lado, os falantes nativos de alemão exibem uma conectividade mais forte na rede de idiomas do hemisfério esquerdo. Os pesquisadores argumentam que essa diferença pode estar associada ao complexo processamento sintático do alemão, que apresenta ordem livre de palavras e maior distância de dependência entre os elementos das frases.

Adaptação Cerebral e Aprendizado

Os resultados do estudo reforçam a ideia de que a conectividade cerebral é moldada por fatores como o ambiente e o aprendizado durante a infância, influenciando o processamento e o pensamento cognitivo no cérebro adulto. O conectoma estrutural da linguagem parece ser modulado pela língua materna, adaptando-se às demandas específicas de cada idioma.

Novas Perspectivas para o Entendimento da Diversidade Linguística

Este estudo representa uma das primeiras pesquisas a documentar as diferenças químicas entre indivíduos que cresceram com diferentes idiomas nativos. As descobertas fornecem pistas importantes para entender as variações de processamento intercultural no cérebro. Em análises futuras, uma equipe de investigadores pretende investigar mudanças longitudinais no cérebro de adultos que falam árabe, à medida que eles aprendem alemão ao longo de um período de seis meses. Isso pode abrir novas perspectivas sobre como o cérebro se adapta ao aprendizado de novas línguas e como a diversidade linguística pode moldar a cognição humana.

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